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Fique por dentro – Março 2022

ANÁLISE DE MERCADO

O mês de março foi marcado por eventos que trouxeram forte volatilidade aos mercados, com destaque para o conflito entre Rússia e Ucrânia, o agravamento do número de casos de Covid-19 na China e o endurecimento da comunicação dos membros do comitê de política monetária do banco central norte-americano (FOMC).

Apesar deste cenário, os ativos domésticos, em sua grande maioria, tiveram desempenho positivo em março/2022. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançou pelo terceiro mês consecutivo, apresentando resultado de 6,06% em março consolidando-se como um dos mercados de ações com melhor desempenho global em 2022. O índice acumula alta de 14,5% neste ano, motivada pela forte entrada de fluxo de investidores estrangeiros, puxada por setores ligados a economia doméstica e ativos de crescimento.

O real valorizou 6,74%, sendo a moeda americana negociada no fechamento do mês a R$ 4,76, apresentando o melhor desempenho frente ao dólar na comparação com economias emergentes e desenvolvidas. O Brasil vem se aproveitando de uma rotação de carteira dos investidores internacionais, que têm procurado papéis de valor, como as empresas brasileiras são conhecidas pelo histórico mais consolidado, principalmente as de commodities e bancos, setores com forte peso no índice brasileiro. A rotação ocorre pela perspectiva de elevação dos juros americanos, que
prejudica papéis de crescimento onde essas ações costumam ser as mais afetadas por um ambiente de alta nos juros. Assim, o movimento ajuda a trazer mais dólares para o mercado brasileiro e, por tabela, contribui na desvalorização do dólar.

A volatilidade dos juros começou a refletir no desempenho de alguns fundos de renda fixa onde as taxas negociadas no mercado caíram e, dada a marcação a mercado das carteiras, o efeito foi a valorização das cotas, que é o caso dos fundos de renda fixa atrelados ao IMA-B, onde o índice teve alta de 3,07% no mês de março.

O ciclo de alta na Selic poderá terminar em maio, mas a inflação neste e nos próximos anos segue preocupando. As últimas comunicações do Copom indicaram que uma taxa de 12,75% seria suficiente para conduzir a inflação de 2023 para a meta de 3,25%. Já o mercado não corrobora com as estimativas do Copom e acredita que, com uma Selic em 13,25% neste ano, os preços subam
4,1% no próximo ano. Este cenário adverso para o IPCA em 2023, consideravelmente acima do centro da meta, é explicado em boa parte pela persistência inflacionária que será herdada deste ano.

Os juros intermediários e longos descomprimiram significativamente em função do melhor entendimento dos desdobramentos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Apesar disso, a guerra deverá resultar em um menor crescimento e maior inflação no mercado global, o que tende a reforçar uma postura mais contracionista dos juros em países desenvolvidos. No Brasil, mesmo com boa parte do risco fiscal já precificado, a atividade econômica ainda merece cautela. Em março/22, o IPCA, que mede a inflação oficial, ficou em 1,62%. Esta é a maior variação para um mês de março desde 1994.

Para abril, as atenções no mercado global estarão voltadas para os desenrolares do conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia e para as próximas sinalizações dos Bancos Centrais, em especial o FED. O prolongamento do conflito pode trazer riscos mais negativos para os mercados globais e uma maior pressão inflacionária nos próximos meses. Além disso, as sinalizações dos principais Bancos Centrais do mundo como resposta ao ambiente inflacionário global também será um ponto de atenção para o próximo mês. Após o início de um ciclo de aumento de juros nos Estados Unidos, fica a expectativa para as repercussões nos ativos de risco e a alteração no cenário de política monetária global. No Brasil, a habilidade do governo em conter as pressões fiscais adicionais sobre o orçamento e a trajetória de inflação ao longo dos próximos meses são essenciais para frear a deterioração das expectativas inflacionárias. Além disso, as discussões eleitorais começarão a
ganhar mais corpo a partir de agora e a definição dos candidatos e seus planos para a campanha eleitoral serão pontos de atenção para os próximos meses.